A resposta é: tecnologia e soluções interativas. O desenvolvimento de dispositivos inteligentes é essencial para que o uso de protetores solares seja ampliado, tornando-se um hábito para o ano inteiro. Isso poderia reduzir o fator sazonal a eles associado e, consequentemente, expandir o mercado, oferecendo novas oportunidades.
O uso de tecnologia aplicada a ferramentas digitais de monitoramento vem se popularizando como método para prevenir problemas de saúde e manter um estilo de vida saudável. No âmbito mundial, considerando apenas os praticantes de atividades físicas, cerca de um quarto dos consumidores declara usar alguma ferramenta digital de monitoramento. Embora a porcentagem dos consumidores que monitoram a exposição ao sol usando esse tipo de tecnologia ainda seja muito baixa – o que, aliás, é fácil de entender, uma vez que tais dispositivos se encontram nos estágios iniciais de desenvolvimento – cerca de 40% dos entrevistados se dizem dispostos a usar ferramentas digitais para este fim no futuro (segundo pesquisa de consumo global realizada pela Canadean no quarto trimestre de 2015). Ou seja, as ferramentas digitais de monitoramento podem mudar as atitudes dos consumidores em relação à exposição ao sol e ao uso de protetores. Mas como? E de que forma isso poderia ajudar a indústria de protetores solares? A solução é promover uma maior conscientização sobre os danos causados pelo sol.
O principal desafio para o segmento de proteção solar é o aspecto sazonal dos produtos, já que a maioria dos consumidores os associa ao verão e à pele bronzeada, em vez de considerá-los fundamentais para a prática de atividades ao ar livre nos outros meses do ano. Uma pesquisa recente encomendada pela La Roche-Posay (L’Oréal), realizada com 19 mil mulheres e homens em todo o mundo, revelou que, embora 92% dos entrevistados saibam que se expor ao sol sem proteção pode causar problemas de saúde, apenas 18% desses consumidores protegem a pele durante o ano inteiro.
O uso de dispositivos que calculem os níveis de exposição aos raios UV (ou UVA) durante todo o ano pode mudar esse comportamento, na medida em que esse tipo de monitoramento evidencia os riscos ocultos da exposição ao sol, justamente nos momentos em que os consumidores ignoram a ameaça.
Este conceito já foi assimilado pela L’Oréal, que recentemente anunciou o lançamento de um adesivo anti-UV criado para monitorar a exposição ao sol por meio de um aplicativo gratuito. O adesivo, que pode ser aplicado em áreas constantemente expostas, como mãos ou braços, muda de cor em função do grau de exposição aos raios UV. O consumidor fotografa o adesivo e carrega a foto no aplicativo, que então calcula se o usuário já se expôs demais ao sol e se deve aplicar um bloqueador solar.
A L’Oréal não é a única empresa que está experimentando essa abordagem interativa em relação aos cuidados com o sol. A pulseira Smartsun, desenvolvida na Suécia, segue o mesmo princípio, alertando em caso de exposição excessiva aos raios UV: dependendo da cor da pulseira, o usuário fica sabendo se está na hora buscar abrigo ou aplicar protetor solar. A Nivea também surpreendeu os consumidores no ano passado, com uma boneca interativa, fabricada com material sensível aos raios UV, que ficava vermelha quando exposta a radiação intensa sem bloqueador solar. O objetivo da campanha era ensinar a crianças a necessidade de se proteger do sol.
O MoleScope, acessório de dermatoscopia para smartphones, vai ainda mais longe. Semelhante a um microscópio, ele produz "uma imagem detalhada da pele em alta resolução, com o uso de técnicas de magnificação e iluminação especializada".
Graças a essa tecnologia, o consumidor pode escanear os sinais que tiver na pele e acompanhar quaisquer mudanças ao longo do tempo, a fim de prevenir complicações.
Contudo, existem alguns desafios. Se os dispositivos inteligentes e campanhas conseguirem conscientizar a população sobre a importância do uso de proteção solar durante o ano inteiro, os fabricantes terão de apresentar soluções adaptadas a estas necessidades. Por exemplo, para o inverno, é importante oferecer produtos de secagem rápida que permaneçam na pele mesmo em contato com a roupa, ou produtos concentrados não pegajosos que sejam fáceis de transportar e durem tanto quanto os protetores habituais, apesar de terem uma dimensão mais compacta.
Veremos como essa tendência evolui nos próximos anos, mas uma coisa é certa: a proteção solar interativa desempenhará um papel fundamental nas soluções do futuro, que necessariamente serão baseadas em dispositivos fáceis de usar, conectados a smartphones ou tablets.