Pesquisadores e indústria de insumos cosméticos acreditam que a aplicação desta ciência pode auxiliar na criação de produtos mais completos.
 
Aproveitar um dia de sol com a família, amigos ou até mesmo sozinho é, além de agradável, benéfico para a saúde, porém para desfrutar de verdade do sol é necessário cautela. A proteção solar possui debates recorrentes por conta dos avanços tecnológicos e descobertas cada vez mais profundas por estudiosos que acompanham os comportamentos do corpo e suas reações. Entre essas pesquisas, uma ciência que vem ganhando espaço é a nanotecnologia aplicada na proteção solar e como ela pode contribuir para soluções mais eficazes. Seu uso já tem melhorado a performance de muitos produtos e sua presença é cada vez mais frequente nos cosméticos.
 
Especialista no assunto, a Nanovetores explica que, para desenvolver produtos que protegem a pele dos raios UV, alguns aspectos são extremamente importantes, como o fator de proteção solar (FPS), que é cada vez mais requisitado pelos consumidores, além de boa espalhabilidade, sensorial agradável e alta resistência à agua. “Nós, formuladores, sabemos o quão desafiador é obter um produto que atenda a todos estes quesitos, uma vez que para termos um alto fator de proteção é necessário alto teor de filtros físicos que dificultam a espalhabilidade. Os ingredientes que dão resistência a água dificultam muito o sensorial, por isso a nanotecnologia pode ser uma grande aliada neste desafio, pois através dela podemos diminuir o tamanho granulométrico dos filtros físicos, aumentando a área superficial de contato e obtendo uma distribuição mais homogenia na pele”, explica a Dra. Betina Giehl, diretora técnica da Nanovetores. Atualmente, já é possível reduzir a concentração de ativos cosméticos entre 5 e 10 vezes, mantendo o mesmo desempenho no produto final. Em breve, os protetores nanotecnológicos poderão ser encontrados no mercado.
 
Apesar dos benefícios, o uso desta ciência pode ser um pouco mais difícil do que o desejável. A maior dificuldade se concentra no desenvolvimento dos "nano sun protects", pois uma das grandes vantagens da nanotecnologia é o incremento de permeação e, no caso dos filtros solares, o objetivo é justamente o contrário. “Queremos evitar a permeação dos filtros na pele para tornar estes produtos mais seguros. Para fazer isso, precisamos garantir que as nanopartículas que contém os filtros solares tenham tamanhos adequados para não permearem e que, ao mesmo tempo, tenham uma forte interação com a superfície da pele para serem mantidas por longos períodos, conferindo proteção e resistência a água além de promover ao produto um sensorial bastante agradável”, complementa a executiva.
 
Para os produtos que ainda não usam esta tecnologia, outros avanços têm sido alcançados, resultando em proteções solares cada vez mais eficazes. A DSM, por exemplo, possui ativos de filtros UV, que compreende UVA e UVB, possibilitando combinações que garantem não apenas proteção contra as queimaduras solares, mas também contra os demais efeitos da exposição à luz, como a azul, que também está presente em telas de dispositivos eletrônicos, como celulares, tablets e TV’s. “Mesmo com o uso de protetores solares, parte da radiação chega a atingir a pele, por isso também oferecemos vitaminas e ativos capazes de reverter estes danos da exposição, ou mesmo fazer com que a pele se torne mais preparada para uma situação de exposição, como é o caso do Pepha-age, um extrato de algas rico em aminoácidos que estimulam a síntese de colágeno e a regeneração de células”, conta Luis Julian, gerente técnico da DSM.
 
Proteção e a luz visível

Uma discussão que vem ganhando cada dia mais destaque é a importância do desenvolvimento de produtos que contenham proteção contra a luz visível. Por muito tempo a proteção UVA foi negligenciada porque não havia estudos suficientes sobre os efeitos desta radiação. O mesmo está acontecendo agora com a luz visível. Novos estudos indicam que as pessoas devem se proteger contra esta luz, que inclusive pode causar queimaduras e gerar radicais livres. Maurício da Silva Baptista, professor de bioquímica da USP, conta que vem apresentando estudos para que a luz visível seja classificada como danosa assim como os outros raios UVA e UVB e explica que os fótons na faixa do visível não são intrinsicamente diferentes dos fótons na faixa do Ultravioleta.
 
“O que os distingue é a maneira como eles ativam reações distintas quando são absorvidos por cromóforos da nossa pele. Fótons no UVB (280 to 315 nm) agem diferentemente dos fótons do UVA (316 a 400) e visível (400 a 700 nm), pois são absorvidos pelo DNA de queratinócitos e melanócitos presentes nas camadas superficiais da pele. Algumas unidades do DNA, após absorção de fótons no UVB, sofrem reações e geram compostos mutagênicos. No caso do UVA e do visível, os fótons interagem com a nossa pele de forma semelhante, pois são absorvidos e geram espécies oxidantes, ou seja, radicais livres oxidam diversas biomoléculas”, complementa Baptista.
 
O pesquisador também explica que a nanotecnologia aplicada na criação de um filtro solar protetor à luz visível permitiria o desenvolvimento de filmes ultrafinos que desempenhariam funções diversas em termos de espalhar e absorver a luz e poderiam ser quimicamente ideais para serem incorporadas em formulações de filtros solares já existentes. Alguns produtos de maquiagem já possuem proteção que conseguem absorver a luz visível, mas como possuem cor ainda não foram desenvolvidos para restante do corpo. Baptista, inclusive, desenvolveu uma patente baseada no conceito de nanotecnologia.
 
“Criamos uma rota sintética para construir nanopartículas de sílica contendo filmes ultrafinos de melanina, que protegem contra a luz visível, dando uma cor natural à pele do usuário. Embora tenhamos criado esta tecnologia, há outros desafios que precisam ser vencidos para fazer o filtro solar com elas. Eu pretendo vencer estes desafios com industrias do setor interessadas em desenvolver novos conceitos de filtro solar”, esclarece. Ele adianta também que a patente já foi apresentada à uma grande indústria de insumos, que estuda a viabilidade.
 
A diretora da Nanovetores acredita que a nanotecnologia poderá ajudar a tornar viável o desenvolvimento de produtos multifuncionais, garantindo que propriedades de diferentes ativos presentes em um mesmo produto sejam mantidas. “Nossa rotina tem nos exposto cada vez mais a incidência da luz azul e visível, passamos grande parte do nosso dia diante de computadores, smartphones, tablets e este cenário tende a se intensificar, por isto os cuidados se fazem necessários. Maior segurança, durabilidade da proteção e versatilidade de uso serão possíveis com o uso da nanotecnologia nos produtos de proteção contra a luz visível”, opina.
 
A proteção solar vai além da proteção a queimaduras, inclui outros efeitos e danos como o câncer de pele, por isso deve ser eficaz contra todos eles. Com a vida agitada, buscamos momentos de lazer e socialização e, na maioria, nos expomos ao sol. O que é necessário para a saúde devido a vitamina D, torna-se um problema se não houver controle e conscientização da população para evitar exposições desnecessárias e incentivar o uso regular do protetor solar.
 
Todas estas tendências de mercado e comportamento serão apresentadas na FCE Cosmetique, que acontece entre os dias 22 a 24 de maio de 2018, no São Paulo Expo. Credencie-se para o evento e tenha acesso a conteúdos exclusivos e de relevância para o setor.
 
Artigo realizado por: Comunicação FCE Cosmetique
 
Fonte: FCE Cosmetique